O fracasso de Concord era evitável se a Sony tivesse olhado para o mobile

 

 

Poucas vezes na indústria dos jogos eletrônicos se viu um fracasso tão gigantesco quanto o do game Concord.

Para se ter uma ideia do tamanho do desastre, seria o mesmo que lançar um filme blockbuster e queimar as cópias dele no dia seguinte para que ninguém mais assista.

Isso mesmo! Um desastre de 200 milhões de dólares tentando criar algo que no fim se tornou tão esquecível que até mesmo quem defendia o jogo riu disso.

Mas “chutar cachorro morto” é algo que qualquer um faria. O que quero trazer aqui é a reflexão de: “por que isso aconteceu?”

Já se sabe que um dos problemas que fez o projeto seguir adiante foi a falta de feedback negativo, ou seja, tinha gente grande na Sony metendo o dedo e dizendo que queria o jogo daquele jeito “e pronto”.

A falta de visão e análise de mercado de gente tão endinheirada e profissional no ramo me assusta.

Atualmente, console não é lugar para testar ideias novas, principalmente em jogos como serviço. (Sim, essa afirmação é pesada, mas o momento no mercado é delicado).

O caminho natural para títulos assim é sair primeiro no PC e depois ir para o console.

Contudo, há outro lugar onde ideias novas podem ser testadas, e esse lugar é o mobile.

 

Mobile... o termômetro dos jogos como serviço

Negligenciado pela minoria dos gamers (sim, mobile hoje é maioria), a verdade é que o mobile é um “termômetro” do que está acontecendo em jogos como serviço.

E o termômetro está marcando “alerta vermelho”. Essa é uma péssima hora para se investir em jogos como serviço.

Dezenas de jogos mobile de franquias renomadas foram encerrados nos anos recentes com desastres vindo principalmente de “amigas” da Sony, como a Square Enix.

“Ah, mas e Helldivers 2?”

Seja sincero, literalmente um “tiro no escuro”. E um tiro no escuro que não foi nem da Sony. A Arrowhead Game Studios não faz parte do PlayStation Studios; a Sony é a publicadora do game.

Então eu fico perplexo com a falta de visão desses diretores e acionistas.

Bastava olhar para o que estava acontecendo no mobile para perceber que mais um hero shooter não seria uma boa ideia.

 

Basicamente, criaram Concord achando que o hype dos hero shooters estava em alta... e esteve, em 2016!

 

De lá para cá, várias empresas lançaram jogos de hero shooter no mobile e todas, sem exceção, tiveram péssimos resultados, do tipo que o projeto consumiu tanto tempo e dinheiro que quase faliu as empresas.

O mais certo a se fazer é apostar no que é o diferencial da marca e o que continua dando certo.

Se mesmo assim a Sony quiser ainda tentar insistir no erro, basta olhar para o que está dando certo no mobile: quais jogos estão no mobile e já deveriam ter um equivalente no PlayStation.

Não é mais fácil e barato trazer jogos como LoL e Counter-Strike 2 para PlayStation do que ficar brincando de querer lançar rip-offs de franquias mundialmente estabelecidas?

 

Que tal um portátil de verdade, hein, Sony?

Eu fico realmente admirado pela visão (ou a falta dela) de Hermen Hulst, novo chefe da PlayStation.

O momento atual não é de apostar em novas IPs, e muito menos em jogos como serviço. Essa estratégia já se provou falha e uma consumidora voraz de enormes quantidades de dinheiro.

Além disso, que desespero todo é esse para criar IPs e franquias novas? A Sony pretende sair do ramo de hardware, como a Microsoft sinaliza?

A enorme falta de visão na qual alguns acionistas e dirigentes “futuristas” me impressiona pelo fato de que eles conhecem a Nintendo e fingem que não.

Enquanto está todo mundo desesperado tentando fazer novos jogos “AAA”, a Nintendo nada sozinha no oceano de híbridos e portáteis, sem ser ameaçada nem de longe por Steam Deck e ROG Ally (basta olhar as vendas).

E outra coisa: cadê o apelo infantil do console? O PlayStation 5 virou “console de tiozão”. Cadê o apelo ao público mais jovem com franquias mais divertidas e direcionadas ao público infantil? Há pouca ou nenhuma publicidade focada nos jogadores mais novos. Isso faz a briga contra o PC ser uma questão de “custo-benefício” e nem vou entrar nesse assunto agora, pois sabemos que em termos de Brasil, não há nem o que discutir.

Enfim, a Sony é líder do mercado com larga vantagem, mas parece não saber exatamente o que fazer agora...

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